Idoso perde equilíbrio devido ao carrinho de vendedor ambulante ficar preso em degrau, causando tumulto no local.
Idoso perde a vida ao tombar do alto de escada rolante na estação central do Metrô do Recife — Imagem: Reprodução/WhatsApp
A Polícia Civil está apurando a possibilidade de ter ocorrido homicídio culposo, sem intenção de matar, na fatalidade envolvendo Manoel Francisco dos Santos Filho, de 75 anos, que caiu do alto de uma escada rolante na Estação Recife do Metrô, localizada no Centro da cidade.
Ele perdeu o equilíbrio devido ao carrinho de um vendedor ambulante que ficou preso em um dos degraus do equipamento, gerando um tumulto no local. A família agora busca na Justiça uma compensação por danos e prejuízos (detalhes abaixo).
O incidente ocorreu no dia 12 deste mês. Segundo o delegado Igor Leite, encarregado pela investigação, o Instituto de Criminalística emitirá um laudo pericial para que a Polícia Civil possa finalizar a investigação.
O delegado mencionou também que diversas pessoas ainda precisam ser ouvidas para determinar a responsabilidade, caso a morte seja classificada como homicídio culposo.
"O administrador da estação de metrô precisa prestar depoimento. A equipe responsável pela instalação da escada rolante, sujeita às normas da [Associação Brasileira de Normas Técnicas], deve ser ouvida para verificar se está em conformidade com os padrões estabelecidos pela norma. O responsável pela segurança da estação de metrô e o responsável pela manutenção também devem ser ouvidos", declarou.
No momento em que o carrinho do ambulante ficou preso na escada, tanto o comerciante quanto outro passageiro caíram, e outras pessoas que já estavam no equipamento começaram a se amontoar ao alcançar o topo da escada. Foi nesse momento que o idoso optou por sair, pisando numa estrutura lateral, mas se desequilibrou e caiu de uma altura de 6,90 metros.
Passaram-se 32 segundos até que um passageiro percebesse o que estava acontecendo e acionasse o botão que interrompe os degraus. O botão de emergência fica ao lado dos adesivos que alertam contra o uso de equipamentos com rodinhas nas escadas — neste caso, ilustrado com um carrinho de bebê.
"Existe a possibilidade de configuração do crime de homicídio culposo por negligência, quando se deixa de cumprir alguma obrigação específica, resultando em um acidente. A pena varia de um a três anos de detenção, podendo ser agravada se houver a inobservância de alguma norma técnica da profissão ou ofício. Portanto, a investigação seguirá essa linha de um possível homicídio culposo", afirmou o delegado.
Escada rolante da Estação Recife do metrô de onde o idoso caiu e faleceu — Imagem: Reprodução/TV Globo
Segundo a polícia, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou em 20 minutos e confirmou o óbito de Manoel no local da queda. O laudo do Instituto de Medicina Legal aponta que a morte foi causada por hemorragias internas decorrentes de fraturas em vários ossos e lesões em órgãos, ocasionando hemorragia.
O delegado Igor Leite solicitou à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) mais imagens das câmeras internas (veja resposta da companhia no final desta reportagem). Além disso, também ouviu o vendedor ambulante que empurrava o carrinho que bloqueou a escada.
"Ele relatou que tentou usar o elevador com seu carrinho, mas o elevador estava interditado. Sem receber advertências e sem segurança presente, optou pela escada rolante. Alegou não ter recebido proibição verbal para usar seu equipamento. Negou ter visto avisos, mas a análise do local revelou uma placa proibindo o uso de carrinhos na escada rolante", afirmou.
Manoel Francisco dos Santos Filho, 75 anos, caiu da escada rolante na Estação Recife do Metrô, no Centro da cidade. Aposentado como metalúrgico, morava com sua esposa, Maria Auxiliadora dos Santos, em Jaboatão dos Guararapes. Independente, gostava de jogar dominó e era ativo, indo todas as sextas a Candeias buscar seu irmão para levá-lo ao Imip, no Recife, para reabilitação.
Sua viúva destacou sua rotina matinal, preparando o café e cuidando de si mesmo. A família, abalada, não compreende o ocorrido. O genro, José Eritom da Silva, lamenta o pesadelo vivido e busca entender o que aconteceu.
A família agora busca indenização na Justiça. O advogado Kleber Freire, contratado pela família, argumenta que a administração ferroviária, responsável pela fiscalização, deve responder por eventuais falhas na mesma, incluindo a circulação de ambulantes e o uso de equipamentos pelos usuários.
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